Sonho

Sonhei que me afundava nos braços da morte...

Não sei quanto tempo durou a quietude...

Mas sei que este foi o único sonho bom que tive até hoje,

Desde o dia em que soube que os sonhos tinham acabado...

ABC da minha alma...

Porque todos temos palavras que nos dizem muito, vou tentar colocar aqui, por ordem alfabética, as que considero mais importantes...


CASAMENTO


Casei contigo porque tinha somente uma pequena coisa para dar:

O resto da minha vida…e, eu, queria que fosses tu a tê-la!

Portanto, casei contigo porque prometi

Que o resto da minha vida seria teu…

Se quisesses…





TORRE



                        












A Velha Torre

Chove torrencialmente. Estaciono o carro debaixo das velhas “acácias” junto à Torre. Lá em baixo o rio, enérgico e barulhento revolteia numa esquizofrenia similar à dos ramos das árvores açoitadas pelas rajadas do vento agreste de Janeiro. Passa já das quatro da tarde. Uma carrinha branca estacionada um pouco mais à frente abre as portas e deixa sair dois homens, um mais jovem que outro, que tentam disfarçar o constrangimento de quem é apanhado num acto “proibido”. Ajeitam as calças e as camisas e acendem, atabalhoadamente, um cigarro na tentativa infrutífera de disfarçar o indisfarçável. Sorrio com a atribulação que causei. Saio do carro e olho para velha Torre, companheira de infância e de confidências. Pouco altaneira esta velha amiga, atarracada até, desgastada pelo tempo, despojada já de um ou outro pormenor mais artístico pela ignorância dos homens, ali permanece muda e quieta, testemunha privilegiada e dormente de séculos de vida. Eu própria não posso desligá-la dos meus momentos. Sempre ali esteve e, penso, ali ficará por muitos outros anos, estática, guardando segredos que só ela conhece. Em baixo, os rios ululam com fragor, açoitando as pedras puídas já, por tanto “esbataçar” de água…